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Imagem do filme "Her" |
Estava no ônibus, passando pela orla da praia onde moro, e avisto - não só eu, mas todo mundo que estava no coletivo - um navio a distância. Uma criança acompanhada da mãe falou: "Mãe, olha! O navio ta andando tão rápido que tá acompanhando o ônibus". A mãe olhou e sorriu. Aquilo me encantou. O menino que estava em movimento dentro do transporte achou que o navio, em inércia, estava se movimentando na mesma velocidade. Quando o ônibus parou e a mãe reparou que o filho estava errado, explicou: "Filho, ele está parado. Olhas!" Com a partida do ônibus, o menino irredutÃvel disse: "Não, mãe! Ele está andando na mesma velocidade"
Isso, por acaso, me lembrou de uma situação vivida por um amigo. Ele convivia com uma garota e depois de uma oportunidade de se conhecerem melhor, ele se apaixonou. Ela, por outro lado, enchia-o de esperanças. Levando adiante a situação. Depois de alguns meses, ele, apaixonado, foi pego de surpresa pela menina quando lhe disse que o relacionamento estava rápido demais e que queria um tempo. Entendem a comparação? Ele era o menino dentro do ônibus em movimento, com pressa, intensidade, paixão. A menina, em contrapartida, era o navio, parada. Sem se deixar levar pelas ondas do sentimento.
Quantas vezes por inocência, assim como a criança, achamos que alguém está correndo conosco? Quantas vezes embarcamos em situações desproporcionais por amor, carência ou afeto? A desilusão do garoto com o navio, que para ele estava em alto movimento, foi interrompida quando o ônibus virou à esquerda e a orla se distanciou. A do meu amigo ainda não aconteceu, mas um dia ele também virará a rua. Mas e a sua? Já pensou que aquele contato com o codinome de "amor" que demora horas para te responder pode está parado, enquanto você está em movimento, embarcando em uma viagem com destino à desilusão?
O amor não é elevador, mas deveria vir com a mesma placa de aviso. "Antes de embarcar, verifique se o elevador encontra-se nesse andar". No caso do elevador, é fácil saber se ele está ou não no mesmo andar que o seu, porém com o sentimento alheio é bem mais difÃcil. Com esse episódio do menino, aprendi a olhar mais de perto as situações e parar por um tempo para perceber, assim como a mãe do garoto, que a situações podem mudar dependendo do ponto de vista.