"Todo dia a mesma noite": Cada página a mesma dor

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Foto autoral


Nunca gostei muito de resenhas, pelo simples fato de não saber falar sobre algo que gosto de forma superficial, mas precisava vir falar sobre esse livro. Precisava falar o quanto ele mexeu e está mexendo comigo.  Por isso antes de serem “influenciados” a lerem, deixo explícito que se você ler, chorará ou sentirá um pouco da dor em cada página. 

Sou suspeita pra falar da autora do livro, Daniela Arbex, desde que conheci “Holocausto brasileiro” onde descobri toda a sua sensibilidade para relatar  um acontecimento. No livro “Todo dia a mesma noite: a história não contada da boate kiss” não foi diferente. 

Esse livro te deixa submerso a uma das piores tragédias brasileiras, o incêndio da boate kiss. Te faz conhecer e experimentar um pouco da dor sofrida pelos pais, socorristas, amigos e sobreviventes. Te faz, por mais coração duro que tenhas, ter empatia por tudo que  aconteceu. Não sou mãe, mas senti a dor de cada  mãe que concedeu entrevista. E quando acabei esse livro, parecia que tinha levado um soco no estômago. 

Quando aconteceu a fatalidade tinha 13 anos e não dei a devida importância ao acontecimento. Na época, não tinha dimensão do tamanho da dor que aquele incêndio provocara. Graças ao livro, felizmente ou infelizmente, tomei conhecimento. Em cada pagina, Daniela consegue emergir o leitor dentro da cena e do contexto do acidente. Mesmo sendo narrado em terceira pessoa, ele te puxa e te acalenta para história. Sendo impossível não se emocionar. 

Queria encontrar palavras para demonstrar o que eu senti ao ler esse livro. O misto de sensações que ele despertou em mim, mas é impossível. Porque diferente de livros ficcionais onde você pode opinar pelo final do mocinho ou do vilão, esse é um livro real, com histórias reais e dores reais. Tornando impossível, por mais que o leitor queira, mudar o final. 

Com uma empatia ímpar, o livro consegue trazer toda veracidade e dor que aquele incêndio causou a um país. Deixando marcado a história dos 242 mortos, mesmo que não tenha o relato de todos, e de todos que “morreram” de certa forma com o incidente.

"Para quem perdeu um pedaço de si na Kiss, todo dia é 27. É como se o tempo tivesse congelado em janeiro de 2013, em um último aceno, na lembrança das últimas palavras trocadas com os entes queridos que se foram, de frases que soarão sempre como uma despedida velada."




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