Filme: Um romance nada convencional

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Cena do filme "5 to 7"

"Por menos que se queira escrever quando se está feliz, quando se está triste precisamos escrever. Suas paixões precisam ir para algum lugar, e este é o único lugar que me sobrou", não há frase melhor para começar a escrever sobre um filme que me deixou boquiaberta. Nada mais digno do que parafraseá-lo, já que essa parte descreve muito bem o que vim fazer aqui. Este blog é o único lugar onde posso escrever sobre "5 to 7 (Encontro marcado, em português)" o filme que me deixou sem palavras em uma noite de domingo. Meu objetivo era apenas ver um filme romântico daqueles que te tiram lágrimas por coisas bobas. Mas me deparei com uma obra lindíssima que mistura amor, paixão, traição e desconstrução. O que me fez repensar tudo o que sei e achava que sabia sobre o amor. 

O enrendo do filme no começo parece bem simples. Brian Bloom, um escritor frustrado que nunca conseguiu publicar um conto, conhece Arielle, uma francessa lindíssima e mais velha. Com uma investida arriscada o jovem escritor consegue conquistar alguns sorrisos e um encontro (de um jeito nada convencional que não direi). No segundo encontro, a dama com nome de sereia revela que é casada e tem dois filhos - desculpem-me os spoillers - e que relacionamentos extraconjugais são aceitos em seu casamento, algo fora do comum para nós, pobres monogâmicos. A revelação deixa o rapaz apaixonado extremamente confuso e disposto a nunca mais vê-la, porém essa decisão dura apenas três semanas e ele decide arriscar nessa paixão. Contrariando a simplicidade que o filme aparentava ter.

Para alguns essa relação já estava destinada ao fracasso. Não é mesmo? Para outros, os mais românticos - assim como eu -  tudo poderá ser possível, afinal os dois estão apaixonados.  Nessa hora fiquei me questionando sobre os ideais de amor que temos. Será que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Ou viver em um relacionamento onde é aceito que o companheiro se relacione com outros? É difícil entender e no filme uma personagem explica bem, quando Brian também se indaga sobre, com a seguinte frase "A vida é uma coleção de momentos. A ideia é ter o máximo de bons momentos possível". Mais uma reflexão que o filme nos traz. Até onde somos capazes de irmos em busca de momentos felizes e prazerosos? Por quantas vezes abrimos mão da nossa felicidade porque não era ético ou não era o "certo a se fazer"? Por inúmeros momentos deixamos o "e se" permear nossas vidas e vamos colecionando momentos incertos, onde o que fica de recordação é o "eu poderia ter feito diferente". 

Porém, as reflexões do filme não param por aí. O rapaz, completamente apaixonado, resolve quebrar algumas regras daquele relacionamento e pede Arielle em casamento, pedindo que ela abra mão do seu marido e dos dois filhos para viver com ele. Ela, balançada pelo amor, aceita e pede para que ele  encontre-a no dia seguinte no local de encontro dos dois. E é aí que o climax do filme acontece. Sabe aquela frase clichê que diz "existe o amor da sua vida e o amor para a sua vida"? Pois bem, essa frase é refletida no filme. Ao chegar no outro dia no local planejado, Brian recebe uma carta da sua amada na qual ela diz os seus motivos para não aceitar a tentadora oferta do dia anterior. E, para mim, o melhor argumento foi uma frase que ela e o marido trocaram nos votos de casamento "cuidarei com mais carinho do seu coração do que do meu". Nessa hora meu coração amoleceu e meus olhos encheram de lágrimas. Imagina se todos nós, amantes desenfreados, pensássemos assim? Se ao invés de jurarmos amor eterno, jurássemos cuidar do coração de quem está ao nosso lado melhor do que o nosso? Se fosse assim, talvez, pensaríamos duas vezes antes de magoar, mentir, iludir.  

Ao final do filme, eu estava com os olhos marejados, o coração desalentado e a mente em ebulição. Precisava compartilhar sobre o filme tão despretensioso perdido no enorme catálogo da Netflix, mas que nos faz pensar sobre o amor real. O amor que não é encontrado na fila de um banco, na biblioteca da escola ou no posto de gasolina. Mas o amor que é encontrado pelo acaso, quando não devemos encontrar. E o melhor, sobre o amor que acaba. Por isso, vão assistir o mais rápido que puderem o "5 to 7 (Encontro marcado, em português)" e tirem novas reflexões desse filme lindo e cativante. Afinal, ninguém pensa igual. 

"Dizem que nenhum amor é perfeito, dizem isso porque nunca o conheceram"

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