A facilidade do desencontro.
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Fonte: Google imagens |
Esse mito diz que no começo o homem era um ser completo, com quatro pernas, quatro braços, uma cabeça com duas faces, dois corações e dois sexos, o que tornavam-os extremamente poderosos e gananciosos. Devido a isso, eles se consideravam seres capazes de batalhar contra os deuses. Ganhando essa batalha e repudiando a ousadia, Zeus, resolveu castigar os homens por sua rebeldia, dividindo-os ao meio deixando-o fraco.
Os homens desesperados ao caírem na terra sendo apenas um, saíram à procura da sua outra metade, aquela que lhe deixava forte e completo. Tamanho desespero, tornou-se em saudade da outra metade o que começou a extinguir aquela raça, Zeus com pena teve uma outra ideia. Permitir que aquele ser que era completo e que agora é apenas um, ao encontrar a sua outra metade tornar-se, mesmo que por um único instante, inteiro novamente. Ele permitiu o abraço das almas, o encaixe perfeito entre dois seres de sexos diferentes separados e fracos que juntos tornariam-se um só. E assim surgiu o mito que explicava a necessidade do ser humano de encontrar a sua alma gêmea e a necessidade do homem pelo sexo, a união dessas duas metades.
E o que mais me impressiona é como um mito de tempos atrás, que explica algo biológico de uma forma tão filosófica e mágica consegue explicar a necessidade e a falta de importância que hoje em dia damos a essa junção. Procuramos em bares, festas, redes sociais, aplicativos, transportes públicos, igreja, em todos os lugares, querendo ou não, a nossa alma gêmea. Quem nunca parou para pensar que um dia poderia encontrar essa tal pessoa? Por mais rápido que tenha sido esse pensamento, todos nós tivemos ou teremos-o um dia. E quem, na falta desse encontro, na falta de ter a alma gêmea saiu procurando, testando e apreciando todos os outros abraços na esperança de se tornar forte novamente? Hoje, estamos tão desesperados quanto aqueles seres recém partidos. O problema é que para sabermos quem nos fortalecerá ou enfraquecerá, precisamos conhecer se aquela pessoa um dia poderia ou poderá se tornar a nossa metade. Mas como saberemos se vivemos na era da facilidade? Como nos tornaremos completos se um "match" decide quem combina ou descombina conosco? Como nos tornaremos inteiros se apenas com um olhar decidimos quem queremos naquela noite? Apesar de apreciar, não acredito em mitos, mas, acredito que sim, cada um de nós, pode encontrar a sua outra metade, o ser que lhe completa ou lhe fortaleça. Mas não no mundo de desencontros em qual estamos.
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