Quando o invisível nos salta aos olhos

18:20


Legenda: Foto do Google 

Sabe a frase que diz "tire de cada situação vivida um aprendizado"? Pois bem! Tento levar a vida dessa forma, assim alívio à tristeza das decepções e me sinto ainda mais grata nas alegrias. Foi essa forma de ver a vida que me levou a escrever esse texto na madrugada de uma terça. O dia anterior foi perfeito para ficar enrolada nas cobertas vendo filme: última semana de férias, chuva e frio. Porém faltava o essencial para nossas vidas ultimamente: a internet. As fortes chuvas haviam danificado a fiação e eis o desfecho: o dia perfeito. No entanto, o que fazer? WhatsApp? Nem sonhando. Netflix? Haha faz me rir. Restou apenas aproveitar as pessoas. Coisa rara hoje em dia, não é? 

Comecei assistindo com a minha mãe e prima. Vimos todos os telejornais e enroladinhas, por causa do frio, nos informamos como antigamente pelo aparelho com um tubo embutido, colorido e que engorda as pessoas - pelo menos é o que dizem. Depois do almoço, resolvemos brincar de adedonha. Sabe o que é? Não? Espera, vou te explicar! Uma brincadeira que você coloca diversos nichos e escolhe uma letra para responder essas categorias. Tipo nome, objeto, fruta. Treinamos a lógica e o pensamento rápido, vocabulário, conhecimentos gerais e até geografia - Sabe como é difícil achar um lugar com O?. 

Depois fizemos uma atividade que estávamos protocolando desde o Natal. Todo dia havia uma desculpa. "Tenho que estudar", "tenho que terminar tal série", "tenho que olhar o whats". E hoje, olha só, tiramos-a do papel. Comecei a reler  um dos meus livros favoritos e no final da noite, já certa de que não encontraria nada de legal na tevê, tive uma ideia. Lembrei que ainda existia um aparelho de DVD aqui em casa e, por incrível que pareça, também tinham os DVDs. Não sabia nem como funcionava mais, já que os serviços de streamings nos tiram essa lembrança. Procurei um filme bom e comparado ao catálogo da Netflix separei em segundos os melhores da lista. Escolhi “Amizade Colorida”, filme que tinha assistido há um tempo da mesma forma: sentada na sala, com a TV e o DVD ligados e um balde de pipoca no colo. Sempre batia o olho no filme no catálogo da Netflix, mas sempre passava com aquela sensação de que já tinha visto (não sou fã de rever as coisas). A película começou e, para minha surpresa, era mais uma coisa que eu não lembrava. Não sabia nenhum desfecho do filme e ele foi não de um todo, mas, na maioria, de grande novidade. Isso me fez pensar o quanto esquecemos rápido as coisas e como não valorizamos o que já passou. 

O dia inteiro me mostrou isso, apesar de ser um enorme clichê. Todo mundo fala que a internet distancia quem está perto e aproxima quem está longe, mas isso se torna ainda mais verídico quando é sentido na pele. Nesse dia não falei com os meus amigos que moram a quilômetros de mim, mas conversei com a minha prima sangue do meu sangue e que sempre estava por perto, mas longe ao mesmo tempo. Já que quando parávamos para conversar sempre me dividia entre ela e as redes sociais. Outra coisa que me remeteu foi como é fácil escolher quando temos poucas opções. Isso vai de filmes a amores, acreditem! Não sei se acontece só comigo, mas passo mais tempo procurando um filme na Netflix do que realmente assistindo-o. Pode ser pelo fato de ser libriana, já que dizem que somos indecisos, mas acredito que é pela enorme oferta. Por que assistir um terror se tenho tantos de comédia? Ah, e se eu me arrepender? Se não gostar do final? Ou pior, perder meu tempo? Não nos permitimos ter calma. E não nos permitimos porque são opções demais e tempo de menos. É isso que a internet rouba de nós: a calma. É tudo muito rápido e instantâneo. 

Está com fome? Ifood. Está sozinho? Tinder. Está sem dinheiro? PayPal. É ótimo, confesso. Mas precisamos uma vez se quer, nem que seja imposto (como foi o meu caso) nos desconectar, desacelerar. Enxergar o mundo não com os olhos da facilidade, do agora, mas com os olhos do novo. Novas possibilidades, novos desafios, novas formas. Somos seres humanos em evolução que esquecemos fazer conta porque temos calculadoras, esquecemos cozinhar porque temos fast food, esquecemos amar porque temos apps de relacionamentos. Esquecemo-nos de nós mesmos porque temos a vida dos outros nas redes sociais. Desapega do seu eu conectado e se conecta ao seu eu. Ficou clichê, mas recomendo.

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