Eu que um dia já fui flor, sofro com a fragilidade da sequidão.

07:18




Fonte: Autoria própria. 
         Certo dia ouvi que ninguém cruza o nosso caminho em vão. E me agarrei a essa frase como quem se agarra a luz no fim do túnel. Porém, o que eu não sabia, ou melhor, o que eu ainda não havia aprendido é que toda pessoa que cruza leva ou deixa algo conosco. E assim seu destino cruzou-se com o meu. Eu que era inteira, completa e cheia de sentimentos ao momento em que te vi, quis dividir o meu inteiro ao teu lado. Quis fazer de você que era metade, completo feito eu. Dividi assim o meu carinho, meus sentimentos, minhas dores, minhas pétalas e o meu cheiro. E depois de me tornar metade para te fazer completo, você partiu. Levando o melhor que havia em mim. E eu comecei a murchar. 
          Eu que era cheia de cores, sabores e odores aos poucos perdia a minha essência. E comecei a me tornar o que hoje sou, sem cor,sem cheiro e sem graça. Sensível ao toque e ao vento, temendo ser despetalada por tamanha fragilidade. Até que percebi que assim como ninguém cruza no nosso caminho em vão, nada acontece em vão e que nós que permitimos essas idas e vindas carregadas de sentimentos ou totalmente vazia deles. E pude perceber o que me deixou tão cega e tão seca. Não foi você que levou o que eu tinha de melhor, fui eu que errei em colocar o que eu tinha de melhor nas suas mãos. Não me contentei em apenas compartilhar, eu quis te dar. E assim, me tornei fraca e propensa a secagem. E você, como um falho floricultor, não percebeu que a beleza que te encantava só germinava quando estava no pé, ligada a raiz. E me arrancou, achando que se me levasse no bolso ou em pensamento, para onde quisesse ir, eu iria ser a mesma de sempre. Mas foi aí que eu sequei. 

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