Até onde vai o seu perdão?
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Fonte: Google Imagens |
Até onde vai a capacidade do ser humano de perdoar? É com esse questionamento que eu venho tentar entender o que se passa na nossa sociedade. Há 7 anos, para ser mais precisa no dia 7 de junho de 2010, uma personalidade pública é acusada de ter sido mandante de um assassinato. Essa personalidade é o ex-goleiro Bruno, nome que ficou conhecido não só pelo talento no futebol, mas, pela frieza que se livrou do "problema" que era Eliza Samudio, mãe de um filho seu. Recordo-me com clareza o tamanho impacto dessa notícia, todos os veículos de comunicação só falavam do caso do "goleiro Bruno" que dividia opiniões entre ele ser culpado ou não. A repercussão do caso não se deu por causa de uma mulher que foi morta a pancadas e desovada sem escrúpulos,se deu por ter sido uma pessoa conhecida dos estádios e da televisão. Ver um rosto conhecido sendo acusado de um crime, era mais chocante do que ver o que esse rosto poderia ter feito. Os questionamentos eram: "Como ele pôde fazer isso?" "Ele aparentava ser um cara tão bom." "Não acredito que ele estragou a sua carreira por causa de uma mulher!" Essas e outras opiniões rondavam as redes sociais, que na época não tinham o tamanho impacto de hoje em dia. Homens e mulheres, após a sua condenação, lhe criticavam, julgavam e taxavam-no como assassino, frio, calculista e entre outros adjetivos.
Bruno foi preso e condenado a 22 anos pelo crime de assassinato e ocultação de cadáver. Desses 22 anos, o goleiro cumpriu 6 anos e 7 meses em cárcere privado, onde ganhou uma liminar para a sua soltura provisória. No entanto, diante da justiça falha do nosso país que só beneficia o réu, essa situação não é de se espantar e nem de causar tamanha revolta, visto que, a justiça aqui é literalmente cega. O que causa contradição e até mesmo espanto, é a aceitação da sua ressocialização na sociedade e é aqui que o meu questionamento vem a tona, até onde vai a capacidade do ser humano de perdoar/esquecer? O homem que um dia foi taxado de assassino, foi solto e contratado por um time em Minas Gerais. Como a população pôde ter esquecido tão rápido tamanha crueldade? Ou, será que a culpa está nas pessoas que não o perdoaram? Qual é o preço do perdão quando o caso não aconteceu conosco?
Os meios midiáticos possuem um papel inquestionável na nossa opinião e aceitação dos fatos. Quando o crime aconteceu, ver estampado em todos jornais, revistas e noticiários a culpa do goleiro, exaltava nossa empatia pela mulher que tinha sido silenciada e morta porque foi atrás dos seus direitos e dos direitos do filho. Nós, que acompanhávamos o caso matéria por matéria, víamos o desfecho cruel e assustador que se tornava o caso. A raiva, o nojo, o desgosto e os outros sentimento que se passavam na cabeça da população, eram de desaprovação. Mas, esses sentimentos foram sendo esquecidos dia após dia, crime após crime, notícia após notícia. Os 6 anos, pareceram duplicados já que não ouvíamos mais falar do culpado. E após esse simples tempo, ouvir seu nome novamente, agora depois de cumprir a sua pena, a sentença por um crime que cometeu, lhe tornou um cidadão de bem e que precisa de uma segunda chance.
A empatia plantada não é mais a de uma mulher que foi morta por ser uma pedra na chuteira do goleiro, a empatia é pela personalidade que merece uma nova chance de mostrar a sociedade que aprendeu com o seu erro. É pelo talento futebolístico que poderia se perder caso a sociedade não o abraçasse novamente. Mas, além desse questionamento de até onde podemos perdoar, gostaria de deixar outro. Qual é o preço a se pagar por uma vida? Foram os 6 anos e 7 meses que aniquilaram a dívida que o goleiro tinha conosco? Ou pior, com a família da moça na qual ele tirou o direito de viver? Acredito que o altruísmo deve sim ser praticado e que as pessoas possuem o direito a segunda chance e que merecem o crédito de que mudaram suas atitudes e pensamentos. Mas, será que esse pensamento tão caridoso que habita alguns corações brasileiros, não se deve ao fato de colocarmos personalidades públicas em pedestais? Tão inalcançável ao ponto de ser perdoada e dada outra chance a mesma vida? São questionamentos que procuro e não encontro respostas concretas, posso até está errada em achar que a facilidade do perdão está nele e não na bondade das pessoas. Mas, gostaria de entender o porquê dessa bondade em relação a ele não ser colocada na mãe da vítima. Como é saber que o assassino da sua filha mesmo pego 22 anos de prisão, não cumpriu nem metade da sentença e já está em liberdade? Como seria para você, mãe, pai, filho, filha, irmão... se colocar no lugar dos parentes e amigos de Eliza? Tenho certeza que não seria mais fácil do que ressocializar um assassino e é por isso que muitos preferem estender as mãos para ele do que olhar para a dor deixada na família da vítima.
1 comentários
Nada se compara a dor da perda. E a pergunta que fica é a que você citou no texto
ResponderExcluirQual é o preço do perdão ? As leis do Brasil nos desencorajam a responder.